sábado, 30 de abril de 2016

Equipas mistas não significam igualdade no desporto

Sendo mãe de uma atleta feminina, num desporto maioritariamente masculino, aprovo, claro está, a medida da FPP (Federação Portuguesa de Patinagem), de "criação das equipas mistas e da possibilidade de as atletas do sexo feminino poderem jogar nas equipas masculinas, exceto no caso do Campeonato Nacional da 1.ª Divisão"

Mas, como em tudo que diz respeito a iguladades, faltará mesmo a MENTALIDADE.
Falta aos treinadores, que deixam as raparigas nos bancos, em detrimento de atletas masculinos, mesmo que estes sejam inferiores em qualidade; falta aos diretores, que desinvestem na formação das atletas femininas, e depois se queixam que não há atletas suficientes para as equipes seniores, e falta a toda a sociedade em geral, quando acha que igualdade é criar equipas mistas, sabendo que raparigas serão sempre diferentes de rapazes (em termos físicos, psicológicos, emocionais...).

Deveríamos então falar de justiça, e não de igualdade. A diferença é que deveremos dar as condições necessárias e adaptadas a quem as precisa, e não as mesmas condições a todos, independentemente das suas diferenças.

Para mim, e adequando este exemplo ao hóquei, significa que as raparigas deveriam ser enquadradas desde o início para não desistirem por falta de apoio dos treinadores e dos clubes. E a jogarem maioritariamente em equipas femininas, e não mistas, pois elas nunca serão iguais aos rapazes, por mais que treinem e por mais que se entreguem ao desporto. As suas etapas de crescimento fisico são diferentes, a maturidade é diferente, e por isso, estando a competir em equipas mistas, não estão a ter condições iguais, mas sim injustas.


Como diria José Gomes Ferreira, no seu livro João Sem Medo, quando o boi e a rã querem ficar iguais: 
"Desenganem-se, pois. Façam os esforços que fizerem, haverá sempre desigualdades externas entre ambos... que, a bem dizer, não constituem propriamente desigualdades, mas diferenças..."
Por isso, na minha humilde opinião, embora esta seja uma medida a aplaudir, ainda falta muito caminho. E tenho muito orgulho que a minha filha faça parte desta longa jornada!



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