E não falo da forma mais física com que muitas vezes os rapazes resolvem os seus conflitos. As raparigas estão tão ou mais agressivas que eles.
Violência psicológica e agressões
Nas festas de aniversário estou apenas 2 horas com um grupo de crianças que não conhecia antes e com o qual, muito provavelmente, não voltarei a estar em contacto. Para além disso, estão em modo "festa", o que implica estarem excitadíssimos e a acharem que não há regras. Por isso assisto a cenas que deixariam qualquer educador com os cabelos em pé. Mas acho também que assisto a estas cenas porque os miúdos não me conhecem e acham que nunca mais me vão ver. De certeza que ao pé dos progenitores ou dos professores nunca o fariam. E por isso muitos pais não têm noção de como são os seus filhos.
Mas além da violência física, assisto várias vezes a cenas de agressão psicológica. Custa-me imenso dizer isto mas as raparigas, desde novas, são muito más umas para as outras. O nível de intriguice e mesquinhez nestas idades deixa-me preocupada com o seu futuro.
Numa ocasião tive que "obrigar" as convidadas a participarem nas atividades da festa pois tinham conseguido pôr a aniversariante a chorar. Estamos a falar de miúdas de 11/12 anos. Tinham-se dividido em grupos, a dizerem mal umas das outras e sem se divertirem e aproveitar o momento. Reuni-as a todas e disse que estavam ali por causa da aniversariante e que aquele devia ser um dia feliz e não o pior dia da vida dela. Fui ríspida e falei em tom de ordem mas realmente depois dessa chamada de atenção o ambiente mudou muito.
Numa outra festa, de crianças mais pequenas (8/9 anos) e com rapazes e raparigas, aconteceu uma situação ainda mais constrangedora. As miúdas estavam todas a dançar e de repente chega uma última convidada. Quando dou conta estavam uma série delas na casa-de-banho. Fui ver o que se passava e apercebi-me que elas não queriam estar com a criança que tinha chegado. O que é isto? São crianças! Mais uma vez, obriguei-as a estarem todas juntas e a participarem na festa.
Mas como disse, elas estão só duas horas comigo. Provavelmente, no dia a seguir voltaram às suas intriguices e a excluir a outra menina.
E porque reagem as crianças assim?
Muitas das vezes são o espelho dos pais pois provavelmente assistem a essas "cenas de violência" e de intriguices nas suas próprias casas. Não terão as miúdas ouvido da boca dos seus pais comentários menos felizes sobre a outra menina ou a sua família?
São também o reflexo da atitude dos seus pais, quando estes optam por lhes chamar nomes quando querem ralhar com eles. Quantas vezes não assistimos a cenas em que os pais ao ralharem estão a enxovalhar e a diminuir os miúdos?
Já para não falar da violência doméstica e de cenas menos próprias que eles possam assistir...
Claro que há excepções, e há pais que educam bem e dão bons exemplos, mas os filhos são o que são.
Mas há também aqueles que têm miúdos difíceis e não sabem ou não conseguem lidar com eles. Fazem deles os "reis da casa", deixam-nos fazer tudo e transmitem-lhes a ideia errada de que podem fazer sempre aquilo que quiserem. Quando estes miúdos têm que lidar com outros, isto é, viver em sociedade e respeitar o próximo, não o sabem fazer, pois acham que os outros têm que fazer o que eles querem e como eles querem, e quando isso não acontece, como não sabem lidar com a frustação, passam para a violência...
Cabe-nos a nós, educadores, passar valores às nossas crianças de como se deve viver em sociedade. O respeito pelos outros, a importância do diálogo para resolver contendas, o direito à diferença, que todos somos importantes e necessários... Já alguém dizia "a minha liberdade termina quando começa a liberdade dos outros".
Foto: http://www.pinterest.com/pin/267753140320883261/
Sem comentários:
Enviar um comentário